sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Habitação ou rotundas?

Parte da entrevista do Presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, ao jornal “Público”. Pode ler completa em:
https://www.publico.pt/2016/12/29/sociedade/noticia/temos-acordos-para-alcancar-os-1200-postos-de-trabalho-nos-proximos-dois-anos-1755540
Já há falta de casas?
Esse é um indicador que mostra que alguma coisa mudou. Nós não tínhamos T1 e T2. Nós não tínhamos mercado de arrendamento. Hoje, temos mercado de arrendamento e estamos com carência de casas por causa da atracção de jovens e não só que trabalham aqui. Nem tudo é simples em muitos aspectos numa terra de cerejas que de repente também é terra de tecnologias de informação e comunicação. Já estamos a fazer a ligação entre a parte agrícola e a tecnologia. Ajuda termos cá estas empresas, porque trazem muita massa crítica. Isto não é só postos de trabalho directos, não é só riqueza, é uma coisa que é intangível mas que faz a diferença, que é a democratização da inovação. Ter acesso a inovação é importante para o que pode ser a regeneração do território.
E a habitação?
Pois isso é um problema. Já estamos a mobilizar e a sensibilizar [construtores civis], pelo menos há dois anos a esta parte. Estamos a ganhar notoriedade e as pessoas começam a acreditar. Começa a haver muito mais investimento também na componente imobiliária para o mercado de arrendamento, coisa muito difícil porque no interior do país houve muitas falências, muitas mesmo. Alguns lotes, na zona consolidada da cidade, ficaram a meio com a crise. Vamos dar um impulso para facilitar a regeneração das casas e alguma construção na zona consolidada. Vamos precisar de 350 a 400 fogos nos próximos dois anos e meio.
Quanto é que a câmara gasta por ano com este programa?
À volta de 140 mil euros. Isto tem um payback de cinco anos e meio, ou seja, em cinco anos e meio eu recebo todo o dinheiro público que investi. Isto é sensivelmente tanto quanto pode custar a requalificação de uma rotunda, para falar em algo que se associa muito aos autarcas.
Eu tenho muitas rotundas que não estão requalificadas, que não têm nada lá em cima. Fazer uma obra é a coisa mais simples para um autarca. Às vezes, o difícil é pagá-la. É diferente atrair uma empresa ou fazer com que as empresas do concelho se internacionalizem ou que start-ups vejam aqui um bom ecossistema para se desenvolverem. São valências novas. Já temos acordo com a base tecnológica, criámos o primeiro co-working e o primeiro fab-lab, temos um centro de biotecnologia na área vegetal. Há uma mudança de paradigma relativamente ao que fazem os presidentes de câmara. Eu digo que este vai ser o caminho, sobretudo, em regiões como a nossa.

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