sábado, 3 de abril de 2010

Poemas que gosto

Quinto
Nevoeiro (10-12-1928)

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal –
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer,
Ninguém conhece que alma tem,
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro …

É a Hora!

Fernando Pessoa, Mensagem, Os Tempos

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