domingo, 28 de fevereiro de 2010

Renault, Delphi. Considerações

Ao fim de 47 anos na Guarda (foi criada em 1963) a empresa Mãe do Distrito (Renault, Reicab, Delphi) está prestes a chegar ao fim. Em 2011 terá com certeza o seu fim há muito anunciado.
Desde 1985, quando a Renault se instalou em Setúbal, e a fábrica da Guarda teve fim anunciado, resistiu a muito e a muitos, mas agora assente em mão-de-obra intensiva e que deveria ser barata, pelos menos equivalente à dos países emergente e não é (um salário Português vale 4 Marroquinos ou Tunisinos), vai chegar ao fim.
Podemos dizer que cumpriu a sua missão, excepto num ponto: Nunca foi capaz de mobilizar os empresários, Guardenses ou não, que desenvolvessem à sua volta uma indústria ou um sector de serviços, sólido e que agora colmatasse os efeitos do fecho da “Empresa Mãe” e a culpa não foi só dos políticos …
Mas vai deixar ainda muitas coisas boas como por exemplo o nível de vida, os Quadros com boa formação, os seus funcionários com cultura de trabalho e rigor e depois as suas instalações.
Mais de 15 mil metros quadrados de área coberta, mais de 45 mil metros quadrados de terreno ainda valem muito. A Câmara Municipal e os Munícipes, O Nerga e os Empresários deveriam tentar negociar aquelas instalações não a valores de mercado mas a realistas para as partes, para as contas da Delphi, (empresa Americana com dificuldades financeiras), pouco vai acrescentar o que possa receber. Os encargos com o despedimento colectivo são muito mais elevados.
Esta hecatombe da Delphi verifica-se a partir do momento que a sua “dona”, a General Motors (GM) decidiu livrar-se dos negócios ligados ao automóvel que não fossem estratégicos, como é o caso das cablagens, rádios, etc. e a partir desse momento a GM começou a comprar componentes no mercado aberto tendo a Delphi começado a perder negócios para as suas rivais e concorrentes. Assim aconteceu com a Guarda que perdeu negócios para concorrentes japoneses, para abastecimento da GM.
Voltando outra vez à Guarda e ao fim anunciado, só não acontece agora porque a fábrica de Castelo Branco não dispõe de espaço disponível nem consegue contratar mão-de-obra necessário para poder substituir a fábrica da Guarda.
Nos tempos áureos em mão-de-obra, 2500 pessoas, mas não em resultados, verificou-se que a Guarda não tinha gente suficiente para as necessidades da fábrica e foi necessário percorrer as terras mais longínquas do Distrito, mais de 100 km) para suprir as necessidades. Assim de Seia, Gouveia, Foz Côa, Castelo Rodrigo vinha bastante gente trabalhar além dos Concelhos limítrofes da Guarda e fora do Distrito como Belmonte, Idanha e Penamacor.
Quem por lá passou, não esquece facilmente o que fez naquela casa e por aquela casa independentemente doas anos que lá esteve. Muitos momentos bons e também muitos momentos maus.
Aquela fábrica chegou a ser um bom exemplo de boas práticas, a nível Português, Europeu e Mundial, assim o atestam os prémios que recebeu.
Tudo tem um fim. Não está a ser glorioso, mas é um fim com dignidade. Ficam as pessoas e as instalações, que poderão dar vida a um novo ciclo industrial, assim o queiram os políticos, os empresários e os Guardenses.

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