sexta-feira, 27 de novembro de 2009

António Piné e colecção de arte contemporânea

Em dia de aniversário da Cidade fui ao baú e encontrei isto. Era um rascunho de um post escrito no principio do ano e que andou esquecido.

Pego outra vez nisto porque muito se tem falado nos famosos "Museus de Arte contemporânea" remédio para todos os males do interior do País e também porque os donos da Cultura de Lisboa, os do Meio, começam a propagandear que Museus Nacionais só em Lisboa. Na Província só Museus provincianos regionais.

O que estava escrito era isto:

Depois de ter ouvido a António Piné as declarações que abaixo sito, resolvi revisitar a sua colecção de arte pelos três catálogos que possuo e conheço, referentes às exposições realizadas.

As Colecções:

Colecção de António Piné – I – Guarda

Maio a Agosto de 1991

44 Obras

Colecção de António Piné – II – Guarda

Novembro e Dezembro de 1995

24 Obras, das quais 3 esculturas

Colecção de António Piné – III – Pinhel

Setembro a Novembro de 1996

33 Obras das quais 9 esculturas

O que disse António Piné, em 2009:

"As Câmaras (Guarda e Pinhel) não têm estofo para fazer a manutenção da colecção".

"O museu da Guarda está votado ao abandono em termos monetários"

"Eu queria o edifício do museu da Guarda para a minha colecção"

"A colecção foi para o melhor sítio"

"O total da colecção pode custar 5 milhões de euros"

"O quadro mais valioso custa para cima de 35 mil contos".

O que foi escrito no catálogo da exposição "Colecção de António Piné III" em Setembro de 1996:

O Presidente da C. M. Pinhel:

"É o primeiro passo impulsionador e importante para a criação em Pinhel da Fundação "ANTÓNIO PINÉ", desejo manifestado por este, pela Autarquia e pelos Pinhelenses".

…. "Esta fundação que todos desejamos ver concretizada muito em breve …."

Professor Canotilho no mesmo catálogo:

"… Por isso dispõe-se a oferecer para um museu a criar em Pinhel a sua valiosíssima colecção de arte moderna …".

Escreveu ainda César Príncipe:

"A terceira vaga das suas aquisições tem agora lugar e, com firmada garantia de que o destino do seu espólio virá a sediar-se no presente edifício da Câmara Municipal da sua terra. O coleccionador culmina assim … após a paixão de ter, a paixão de dar".

"Proximamente pontuará o nosso solo e o nosso consolo mais um museu de arte … Desta feita em Pinhel".

As minhas considerações:

Até agora ainda não ouvi / li ninguém falar / escrever sobre a qualidade das obras da colecção.

Fala-se sempre no seu valor quantitativo, muitos milhões, isto antes da crise económica, até agora o mercado da arte caiu cerca de 50%.

A vaidade desmedida do coleccionador levou-o a pensar que iriam construir um CCB para a sua colecção

O diálogo nunca existiu nem era possível, porque eram posições inconciliáveis.

Mais que a Guarda as gentes de Pinhel devem estar verdadeiramente furiosos com a decisão tomada.

António Piné deve mais explicações às duas cidades que o contrário, pelas expectativas criadas e, pelos vistos, compromissos assumidos com Pinhel.

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